O vice-primeiro-ministro
utilizou o discurso de encerramento do debate da moção de censura a tentar
evidenciar a falta de legitimidade do PCP para pedir a queda do Governo.
"Felicitámos democraticamente o PCP pelo seu progresso relativo, mas não
deixa de ser ligeiramente exagerado que 12% apenas do terço de portugueses que
foram votar chegue para uma ruptura", resumiu Paulo Portas.
Numa terminologia mais
simpática para os comunistas, precisou Portas, "um sexto de um terço dos
votos não fazem uma revolução, não estão reunidas as condições
objectivas". "Sabemos todos que uma eleição parlamentar jamais causou
a interrupção do ciclo político", à excepção de uma, em que o primeiro-ministro
optou por se demitir (uma referência a António Guterres em 2001).
"Os portugueses
sabem bem distinguir que eleições europeias são europeias, eleições autárquicas
são eleições autárquicas e eleições legislativas são eleições
legislativas", afiançou o vice-primeiro-ministro. E a "legitimidade
mede-se em legislativas", afirmou.
"A tradição diz que
o PCP só medra quando há dificuldade e desespero", por isso, os próximos
tempos deverão ser menos positivos. "Num ciclo de mais crescimento
económico, o PCP não medra, estanca e retrocede, é o que diz a história da
nossa sociologia eleitoral". E, garante, "o País está em 2014 melhor
do que 2013, e estará melhor em 2015 do que em 2014".
Portas comentou também o
sentido de voto do PS. "O PCP decidiu apresentar uma moção de censura não
para censurar o Governo mas para enredar o PS", descreveu. E se a intenção
dos comunistas não surpreende, "pasma no entanto como o PS se deixou
enredar". O vice-PM criticou a justificação de aprovar a moção por uma
questão de "consciência".
Porém, "é ainda
mais barroco o argumento de separar a fundamentação da moção da aprovação da
moção. Isso é presumir que as ideias não têm consequências e que o voto não tem
causas", constatou.
"O texto da moção
não é caridoso com o PS, mas da hesitação da bancada fica a ideia que o PS quis
ser generoso com o PCP", observa Paulo Portas. Em suma, "foi um
contributo do PS para se afastar do centro político, não me parece que alguém
lhes agradeça, muito menos o PCP".
Sexta, 30
Maio 2014 14:16
Fonte:
Jornal de Negócios