Paulo Portas
“Portugueses já pagaram caro os erros do sistema financeiro"
(Económico)
10:43
Com a crise no BES em pano de fundo, o vice-primeiro-ministro defende
"economia de mercado com responsabilidade ética".
Paulo Portas não se pronunciou ainda sobre a crise no Grupo Espírito Santo,
que nos últimos dias agitou os mercados e centrou as atenções internacionais na
banca portuguesa, mas afirmou nesta sexta-feira que "os portugueses já
pagaram muito caro erros do sistema financeiro" e disse defender
"economia de mercado com responsabilidade ética".
"Nós não acreditamos no Estado como produtor de riqueza e temos receio
do Estado como produtor de dívida, mas queremos um Estado que seja um regulador
forte e um supervisor eficiente", afirmou o vice-primeiro-ministro durante
as comemorações dos 40 anos do partido, que decorreram sexta-feira à noite em
Vila Nova de Gaia.
Reafirmando a ideia defendida no arranque das celebrações, no dia anterior
em Lisboa, Portas sublinhou que "o CDS nunca foi chamado a governar em
tempos de bonança" e que "foi sempre convocado às responsabilidades
em situações de emergência". "É muito difícil fazer história no
condicional, mas eu admito que se o CDS tivesse exercido responsabilidades em
tempo de bonança - como se costuma dizer, em tempo de vacas gordas - eu acho
que o país seria mais sustentável, por um lado, e por outro teria havido mais
justiça social", acrescentou.
No entanto, afirma, isso não o impede de ter "a ambição de ser um
partido maior e de ser um partido posto à prova", capaz de "inspirar,
com mais determinação e mais influência, uma certa ideia de país".
"Nós não gostamos de ver o nosso país entregue a um sindicato de credores
estrangeiros porque houve em Portugal governos irresponsáveis que não souberam
controlar o défice nem a dívida", condenou.
Considerando que "o país precisa de governabilidade, que o país tem de
ser governável", o líder centrista recorda que o partido "foi formado
numa cultura de partilha de responsabilidades". "Nós não temos aquela
caricatura de coragem dos partidos de protesto que são tão corajosos, tão
corajosos que a única coisa que fazem é protestar, tornam-se profissionais do
protesto mas nunca dizem às pessoas o que é que fariam se fossem chamados a
governar", criticou.
Paulo Portas aproveitou ainda o discurso para prestar homenagem aos
portugueses pelos sacrifícios dos últimos tempos, considerando que o país é
hoje "mais livre do que era há um ano". "Eu espero que a
sociedade portuguesa seja muito exigente no presente e no futuro e que exija
dos responsáveis políticos garantias efectivas de que o que aconteceu em 2011 não
voltará a acontecer e que nós não voltaremos a recorrer à dependência do
estrangeiro e dos credores e saberemos governar-nos de forma sustentável,
razoável e equilibrada".
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