O líder
do CDS-PP e vice-primeiro-ministro Paulo Portas, sinalizou hoje que a saída do
programa da ‘troika’ deve dar lugar a que as condições no País mudem para
melhor, ainda que “passo a passo”.
Paulo
Portas - que na sede do CDS-PP assistiu à chegada a zeros do relógio com o
tempo que faltava para a saída de ‘troika’ de Portugal - referiu-se em
específico a três compromissos deixados já pelo Governo: a recuperação
progressiva de salários por parte dos trabalhadores da administração pública, a
recuperação “substancial” do valor das pensões e o debate sobre a actualização
do salário mínimo.
“O que é
excepcional, em tempos excepcionais se justifica”, concretizou. Desta vez,
porém, Portas não abordou o alívio da carga fiscal - nomeadamente ao nível do
IRS -, que noutras ocasiões tinha defendido, comprometendo-se com a criação de
condições que permitissem essa redução.
Referindo-se
ao dia em que termina "o contrato com a ‘troika’" com “orgulho,
respeito e humildade”, Portas destacou o “vexame” que o “co-governo dos
credores” custou e reconheceu o “caminho com dúvidas e tensões”, mas ao longo
do qual, diz, o Governo sempre assumiu "apenas um resgate, um empréstimo,
um memorando e um calendário com a 'troika'".
Entre as
vantagens para Portugal da saída de Comissão Europeia, BCE e FMI, Portas frisou
que Portugal deixa de estar "obrigado a negociar leis com credores
estrangeiros" e o regresso ao financiamento autónomo, com condições
"vantajosas". Por outro lado, o líder do CDS disse que esta saída
"não permite regresso à irresponsabilidade".
Pedindo
que não se esqueça o que deu origem ao resgate - "défice após défice,
dívida após dívida" -, assumiu que as condições inicialmente negociadas
com a 'troika' não foram justas:
"Em
desespero, o Governo da época foi bater à porta dos credores. Quando se
negoceia com os credores em desespero, certamente o contrato não é justo".
"Sócrates
é pai do resgate e padrinho da 'troika'"
A saída
do programa é também um ponto final "no tempo de procurar ganhar eleições
sacrificando as próximas gerações", defendeu, avisando que os portugueses
"vão pedir aos partidos e dirigentes que expliquem soluções razoáveis para
a sustentabilidade das políticas no futuro". Apelou, por isso, à
capacidade de "entendimento, consenso e compromisso" entre os agentes
políticos e os parceiros sociais.
E deixou
a pergunta: "Quem é que nos garante que não voltaremos a cair naquelas
políticas que tornaram inevitável o resgate, trouxeram a 'troika' e causaram
este sofrimento?"
Portas
aproveitou ainda o anúncio da entrada de José Sócrates na campanha do PS para
as europeias para acusar o ex-primeiro-ministro de ser o responsável por esse
"sofrimento" que se seguiu ao pedido de resgate, pedindo que isso
tenha consequências na hora de ir às urnas:
"Sócrates
vai fazer campanha e pedir votos para o PS. Ele foi o pai do resgate, o
padrinho da 'troika', o responsável por tanto sofrimento. Não lhe façamos a
vontade".
Sábado, 17 Maio 2014 19:16
Fonte: Económico